Quando não passa nada de jeito na televisão...

...Podemos sempre contar com o fóculporto!

Vamos ver se percebo, se calhar o problema é mesmo meu...

Portanto, o Hulk e o Sapunaru agredirarm mesmo os seguranças. E quando digo agredir, estou mesmo a falar em “agredir” – leia-se, murros e pontapés – não estou a falar de uma entrada mais dura dentro de campo, que por norma é punida com o vermelho directo. A não ser que estejamos a falar do Bruno Alves, aí a coisa muda de figura.

Se calhar, é mesmo por isso que os jogadores estão “indignados”. É que um jogador do Porto nunca agride. Simplesmente tem vontade de vencer. Logo, agredir seguranças após uma derrota sem espinhas, contra uma equipa que fez alinhar de início um puto de 18 anos que fazia o seu primeiro jogo da época e um reserva que muitos davam já como acabado, não é ter mau perder. É ter vontade de vencer.

Mas se há 2 meses o fóculporto jurava pela saúde da mãe que o Hulk e o Sapunaru não tinham agredido ninguém, com a exposição do vídeo do túnel em horário nobre, para todo o país ver, o espaço de manobra ficou reduzido. Alguns “comentadores de serviço” (e quando digo “de serviço”, não me estou a referir ao canal de televisão que lhes paga para estarem ali a fazer tristes figuras) optaram por seguir a estratégia das “imagens manipuladas”. E têm toda a razão. Qualquer pessoa com dois olhos na cara consegue ver que não é nem o Sapunaru nem o Hulk que agridem os seguranças à entrada dos balneários. Foram os dois Beatles ainda vivos. E é também possível descobrir, sem grande esforço, o Homem-Aranha, sempre pronto para o sururu.

A SAD do Porto seguiu outra estratégia – de facto, deram-se as ditas agressões, mas existiram várias atenuantes.

Primeiro, a SAD pergunta, em comunicado, se maqueiros, bombeiros e jornalistas também devem ser considerados “agentes desportivos”. E esta pergunta faz todo o sentido, pois é preciso pôr já os pontos nos “is”, para que na hora da agressão fique tudo esclarecido. Afinal de contas, sabemos bem que é complicado ser-se jornalista desportivo nas Antas...

No mesmo comunicado, a SAD do Porto defende que os jogadores do Porto reagiram às provocações verbais como qualquer bom chefe de família. Nada mais louvável. Afinal de contas, insultos como “vão para os balneários” ou “voltem lá para cima” não merecem outra resposta que não um murro bem mandado. Ainda bem que nenhum chefe de família se lembrou de fazer o mesmo ao presidente desse clube, quando afirmou em directo que o que mais gostava em Lisbo era a auto-estrada para o Porto... Claro que o presidente da cidade visada, não sendo um bom chefe de família, não agride esse senhor, simplesmente participa num jantar de gala desse clube na véspera de um jogo contra um clube de Lisboa. O que dizer, são más educações.

Confesso que desconhecia este conceito nortenho de “bom chefe de família”. Não fui educado nestes moldes, mas o que fazer, quando se é um mouro? Da próxima vez que estiver com um algum amigo meu do Norte, não me posso esquecer de o questionar sobre o que é um bom chefe de família.

De acordo com este comunicado, se estiver num semáforo, se cair o verde e eu não reparar e o condutor de trás buzinar e gritar algum insulto do tipo “anda lá com essa m****, palhaço!” (que, ainda assim, não é tão grave como “voltem lá para cima”), como “bom chefe de família” só tenho de sair do carro e dar-lhe um murro à Sapunaru. Na verdade, eu ainda não sou chefe de família, nem bom, nem mau, mas isso é um detalhe.

Depois do deleite do comunicado da SAD, chega hoje a cereja no topo do bolo. À hora da conferência de imprensa do treinador do Porto, os jornalistas são surpreendidos com uma ensemble de jogadores do Porto, de rostos fechados. Iríamos ter direito a um “We Are The World”, versão Porto?

Quase. Ninguém cantou, mas deu-se música. Houve solidariedade, mas não para com o povo do Haiti.

Os jogadores do Porto mostraram-se solidários com os seus colegas Hulk e Sapunaru e pediram respeito – leia-se, não querem ouvir mais provocações baratas do estilo “vão lá para os balneários”.

Eu gostei. Como disse, quando não há de jeito a passar na televisão, podemos sempre contar com entertainers deste calibre. Ainda assim, ao ver estas imagens, fui assolado por uma estranha sensação de dejà vu. Acho que já vi um espectáculo de variedades semelhante... Ah, já sei.

Reparem bem, e digam lá que eu não tenho razão?